Viver em sociedade é uma necessidade básica do sujeito e é nas relações sociais que ele adquire novos saberes e constrói sua identidade e cultura. As primeiras relações do sujeito que vive em sociedade acontecem dentro das comunidades. São nesses espaços que as principais idéias de convívio e interação são apresentadas; são nesses espaços que as normas, regras e leis são elaboradas para serem cumpridas; são nesses espaços que o equilíbrio para a vida em sociedade é construída.
A primeira comunidade que o sujeito tem contato é o seu lar familiar, e é nesse espaço que surgem as proteções, o convívio natural e as primeiras regras e rotinas. Com a idéia interiorizada da importância de se viver em comunidade, os sujeitos vão ampliando seu rol de contatos e então participando de novas comunidades; agora criadas na escola, no bairro, na faculdade, no trabalho e em tempos de cibercultura, no espaço virtual. Mesmo selecionando suas comunidades de acordo com as afinidades, pertencimento, laços afetivos e sentimentos, o sujeito sabe da importância dos cumprimentos das normas e regras para que haja um convívio coletivo de qualidade, afinal são as relações entre os sujeitos que permite a vida em comunidade e numa visão mais ampla, a vida em sociedade.
Participar de uma comunidade é permitir ao sujeito que ele determine que grupo ele quer estar inserido. Não que seja necessário excluir um outro grupo, mas a liberdade de escolher qual meio o sujeito quer pertencer, é uma das características de viver em comunidade, uma vez que estar em comunidade é sentir-se seguro, pois são nesses espaços que os sujeitos encontrarão outros que pensam e agem semelhantes a eles, o que é uma grande vantagem para conviver nesse mundo imprevisível e de constantes mudanças.
Com os avanços das tecnologias, as comunidades deixaram de ter endereço fixo e ultrapassaram os limites de territorialidade. Com o ciberespaço criam-se diferentes formas de comunicações e interações que promovem novas formas de sociabilidade. São as comunidades virtuais, no qual Rheingold (2003) conceitua como:
“[...] agregados sociais que surgem da internet quando uma quantidade de gente leva adiante essas discussões públicas durante um determinado tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no ciberespaço.” (Rheingold, 2003: 20 Apud FONSECA e COUTO, 2005, p. 51)
Tão importante quanto as comunidades presenciais, as comunidade virtuais possuem algumas vantagens nas relações de tempo e espaço e nas interações, pois virtualmente as interações e comunicações são ilimitadas. O tempo já não é cronometrado, é instantâneo; o espaço não é mais delimitado, é desmaterializado; predomina o aqui e agora, possibilitando que mesmo à distância, as interações e comunicações ocorram de maneira imediata.
Nas comunidades virtuais os combinados e os cumprimentos das regras e das normas também são imprescindíveis para que a convivência ocorra em harmonia. Nos dias atuais é comum a participação nas comunidades virtuais, pois com as facilidades de interagir por meio das tecnologias móveis e sem que o contato seja face a face, os sujeitos sentem–se livres em expressar seus desejos, medos, alegrias e inseguranças. São as comunidades virtuais possibilitando que o sujeito expresse a sua identidade.
As comunidades virtuais também são criadas nas redes sociais e são nessas redes que muitas idéias são divulgadas, muitas identidades valorizadas e muitos perfis culturais formados. É através dos posts que os sujeitos se apresentam para sociedade e é a partir dessas apresentações que as comunidades vão sendo criadas, através de sujeitos com interesses, valores, desejos e sentimentos em comum.
“Os espaços virtuais potencializam as comunidades virtuais no ciberespaço pela união de cidadãos conectados, agrupados virtualmente em torno de interesses específicos. Nesses espaços, definem regras, valores, limites, uso e costumes, os sentimentos e as restrições de acolhimento e pertencimento ao grupo. Isso viabiliza uma identidade cultural e social dos participantes, que flui do desejo de se estar vinculado a um determinado grupo, o qual terá a sua existência enquanto houver interesses dos participantes em usufruir desse ambiente.” (Fonseca e Couto, 2005, p.58 – 59)
Nessa perspectiva as comunidades virtuais vão proliferando nas redes sociais e em tempos de mobilidade, estar “presente” constantemente nas redes sociais tornou-se uma realidade. A mobilidade ampliou a rede de contatos existentes nessas comunidades e potencializou as relações virtuais. Hoje os sujeitos que frequentam essas comunidades e utilizam as tecnologias móveis buscam mais do estar em rede. Já é comum encontrar comunidades que determinam movimentos sociais, realizam grupos de estudos, organizam eventos e encontros, criam discussões pertinentes com seus interesses, realizam negócios, etc. Todas essas ações são desenvolvidas e difundidas em questões de segundos, pois seus integrantes convivem com seus artefatos móveis conectados 24 horas por dia. Dessa maneira, as comunidades virtuais vão ganhando visibilidade e, consequentemente, mais seguidores, mais contatos e mais encontros virtuais e presenciais.
“A dinâmica das comunidades virtuais nos conduz a compreender o homem no seu desenvolvimento e processo de aprendizagem, na sua interação e comunicação humana, o que o permite apropriar-se de novas realidades reais e virtuais, vindo a transformar seu meio. Relações antes não estabelecidas agora são viáveis, porque as pessoas interagem, tecendo uma complexa rede de possibilidades.” (Fonseca e Couto, 2005, p.59)
Enfim, nas comunidades, sejam virtuais ou não, as relações, as interações, as afetividades são reais. Estar em comunidade é um dos princípios para viver em sociedade e para promover a interação. É a união do real e do virtual ampliando e promovendo qualidade de vida dos sujeitos na sociedade.
FONSECA, Daisy e COUTO, Edvaldo. Comunidades virtuais: herança cultural e tendência contemporânea. In: PRETTO, Nelson. Tecnologia e novas Educações. Coleção educação, comunicação e tecnologias. Volume I. Salvador: Edufba, 2005