terça-feira, 29 de março de 2011

Comunidades virtuais

Com o advento da internet as barreiras do tempo e espaço foram derrubadas potencializando novas formas de comunicação e interação, interligando as relações reais e virtuais. Essas relações acontecem no ciberespaço, que segundo Couto, é o local onde “as pessoas edificam interfaces imersas numa outra realidade, para se comunicar, relacionar e produzir saber, vindo a constituir o chamado mundo virtual.” (Fonseca e Couto, 2005, p.47).
                                                 
No ciberespaço surgem as comunidades virtuais formadas por sujeitos com objetivos e valores em comum. Para entender o significado de comunidades virtuais, é interessante antes reconhecer as diferenças e semelhanças entre as idéias de comunidade e sociedade.

Baseada nas relações da Sociologia e defendido por autores clássicos da área, os conceitos de comunidade e sociedade traz diversos aspectos em comum. O entendimento criado sobre sociedade designa características relacionadas aos interesses individuais ou de grupos. Segundo Couto são relações que emergem o “individualismo, impessoalidade, contratualismo, procedentes do desejo ou do mais puro interesse, mais do que dos complexos estados efetivos, hábitos e tradições subjacentes à comunidade.” (Fonseca e Couto, 2005, p. 49). Quanto ao entendimento de comunidades, emerge as idéias dos laços sentimentais, pertencimento e união.

A partir dessas idéias de comunidade surgem as relações, interações e os valores norteadores dessas comunidades. No mundo real, essas relações são construídas com os familiares, vizinhos, colegas de escola e/ou trabalho, etc. Já no mundo virtual, normalmente, as comunidades são criadas através de objetivos em comum, muitas vezes encontrados no ciberespaço.

Nas comunidades virtuais não há espaço para endereços fixos. O que caracteriza as comunidades virtuais são justamente as relações de interesse criadas no ciberespaço e os laços afetivos. Segundo Rheingold, comunidades virtuais são:
[...] agregados sociais que surgem da internet quando uma quantidade de gente leva adiante essas discussões públicas durante um determinado tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no ciberespaço (Rheingold, 2003: 20 Apud Fonseca e Couto, p.51).

Nesses espaços diferentes graus de relações são trocadas, desde troca de conhecimentos à conquistas afetivas, os sujeitos vão interagindo constantemente. Na atual sociedade contemporânea, com a mobilidade e todos seus artefatos tecnológicos móveis, as relações entre os sujeitos que compõe as comunidades tornaram-se mais complexas, constantes e instantâneas. A mobilidade ampliou a rede de contatos presentes nessas comunidades e potencializou as relações virtuais, pois nesse contexto é possível estar conectado inclusive em movimento. Hoje os sujeitos que frequentam essas comunidades e utilizam as tecnologias moveis buscam mais que simples relações. Já é comum encontrar comunidades que determinam movimentos sociais, realizam grupos de estudos, organizam eventos e encontros, criam discussões pertinentes com seus interesses, etc. Todas essas ações são desenvolvidas e difundidas em questões de segundos, pois seus integrantes convivem com seus artefatos móveis conectados 24 horas por dia. Dessa maneira, as comunidades virtuais vão ganhando visibilidade e consequentemente mais seguidores, mais contatos e mais encontros virtuais.
Como toda comunidade, seja ela presencial ou virtual, é necessário que haja as regras de convivência e procedimentos sociais, pois essa é a base para que os contatos e interações aconteçam com qualidade. Uma vez que é através dessa interatividade que é possível realizar as trocas entre todos os participantes de uma comunidade e expressar a sua própria identidade como participante, seja essa identidade real ou fictícia.
“Os espaços virtuais potencializam as comunidades virtuais no ciberespaço pela união de cidadãos conectados, agrupados virtualmente em torno de interesses específicos. Nesses espaços, definem regras, valores, limites, uso e costumes, os sentimentos e as restrições de acolhimento e pertencimento ao grupo. Isso viabiliza uma identidade cultural e social dos participantes, que flui do desejo de se estar vinculado a um determinado grupo, o qual terá a sua existência enquanto houver interesses dos participantes em usufruir desse ambiente.” (Fonseca e Couto, 2005, p.58 – 59)


Após a leitura do texto e diversas outras leituras sobre o tema uma inquietação me acompanha. Será que toda rede social pode ser considerado uma comunidade virtual? Qual a diferença, de fato, entre comunidade virtual e rede social?




FONSECA, Daisy e COUTO, Edvaldo. Comunidades virtuais: herança cultural e tendência contemporânea. In: PRETTO, Nelson. Tecnologia e novas Educações. Coleção educação, comunicação e tecnologias. Volume I. Salvador: Edufba, 2005

Um comentário:

  1. Veja Ana, estas duas últimas questões que vc levanta é que são significativas para a reflexão. Invista nelas!!!!

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