segunda-feira, 25 de abril de 2011

INCLUSÃO DIGITAL: UTOPIA OU REALIDADE


“Inclusão digital”. Essa é uma expressão muito utilizada ultimamente; é praticamente um jargão no meio social. Contudo essa inclusão digital está relacionada às diversas mazelas sociais, que criam pessoas cada vez mais excluídas não só digital, mas socialmente.
Se há uma necessidade de inclusão é porque existe a exclusão. E na atual sociedade, a exclusão tornou-se normal até no que deveria ser considerado básico. Os serviços públicos de saúde, educação, transporte, água, luz, saneamento, enfim serviços que deveriam fazer parte da sociedade como um todo, só são considerados de qualidade quando pagos, privatizados. E nesse círculo vicioso surge o abismo entre a população considerada incluída e a excluída.
Nessa perspectiva, vivemos numa sociedade em que os que possuem condições de pagar são considerados os provedores (das idéias, modas, tendências, cultura, etc), e a grande população, que não pode pagar por determinados serviços são marginalizados.  Literalmente colocado à margem da sociedade. Assim, tratando-se de tecnologias e acesso ao mundo digital, ainda há exclusão social, uma vez que para ter esses serviços é necessário pagar por eles. Dessa maneira, os abismos virtuais vão ficando mais profundos para grande parte da população que não tem acesso ao mundo digital.
E o que fazer com essas pessoas? Deixá-las excluídas? Impossível. Impossível, principalmente na sociedade onde os modismos imperam. Estar conectado, em rede, é a cultura do momento. Assim, as pessoas vão aos poucos tentando se incluir nesse mundo, nessa cultura. Seja freqüentando uma lan-house, seja utilizando os laboratórios de informática da escola, seja adquirindo dispositivos móveis com acesso à internet.
A população considerada excluída não quer ser excluída, principalmente excluída digital. Afinal, no mundo virtual, essas pessoas podem aparecer, criar, produzir, opinar, enfim, em rede elas podem ser “ouvidas”, se fazer presente na mesma sociedade que a exclui em outros aspectos. Em rede, as pessoas podem ser valorizadas, respeitadas; não pela sua condição social, mas pelas suas produções e interações digitais. Estar em rede é sentir-se incluído digitalmente. Principalmente numa sociedade que julga e marginaliza os que estão fora dos “padrões”.
E quando podemos considerar uma pessoa incluída digitalmente? Apenas quando ela tem acesso às tecnologias? Ou quando ela possui uma conta de email, um perfil no Orkut ou no MSN? Será que apenas essas práticas são suficientes? Com certeza ainda é pouco. Tão importante quanto navegar pela web é poder ter o mundo na ponta do dedo de maneira significativa. Nesse sentido, cabe aos governos, escolas, universidades, organizações criarem condições de realmente incluir essas pessoas no mundo digital. Para haver uma inclusão digital de qualidade, como deveria haver em outros serviços, é importante que as pessoas entendam a dinâmica e o poder da internet para a própria vida e a coletividade. Essa compreensão pode ser o inicio do processo de inclusão digital e social.
Assim, para que haja uma inclusão digital de verdade, é necessário muito mais do que oferecer acesso; muito mais do que ensinar a manusear o computador. Para que haja inclusão digital, é necessário um repensar social sobre as potencialidades da internet para a vida pessoal e social das pessoas e todas as suas contribuições para a sociedade em que está inserida. Só assim, consciente, haverá a inclusão digital. Do contrário, a exclusão persistirá.
Exemplos de exclusão quando a inclusão não é significativa:



domingo, 10 de abril de 2011

Software livre: Tempo de desapego e liberdade

lourilucio.blogspot.com



Vivemos numa sociedade capitalista. Dinheiro, fama, poder... são determinantes para dar valor a uma pessoa ou uma empresa. São as suas propriedades privadas que possibilitarão o acúmulo de riquezas. São as suas idéias que ditarão as regras e tendências sociais.
Contudo os tempos mudam. Na atual sociedade as pessoas não querem apenas seguir idéias, elas querem criar suas idéias e compartilhar. As pessoas querem ser ativas e querem ter permissão de mostrar sua capacidade intelectual.
Em tempos de cibercultura, com a interconectividade, as idéias relacionadas ao poder e às tecnologias mudam de figura. Atualmente tem poder quem socializa, quem colabora, quem compartilha. A idéia de propriedade privada, como alguém dono de um produto, desmorona dando espaço às propriedades compartilhadas, onde o produto é disseminado, compartilhado e acessado por todos. Seja esse produto uma música, um vídeo, textos, programas, software, etc.
Seria o fim do monopólio das empresas responsáveis pela criação de programas e softwares? Seria a “queda” de uma sociedade capitalista que enriquece com esse tipo de negócio? Ainda é cedo para afirmar, mas o fato é que agora os caminhos são outros.
Estamos na época da liberdade tecnológica, onde programas, softwares, idéias, obras podem ser compartilhadas. Época em que quanto mais se compartilha de uma obra tecnológica, mais disseminada e consolidada ela estará no mercado. Época do software livre, onde seus códigos são abertos e executáveis. Colaborativamente, compartilhadamente
Em tempos de fluidez e mobilidade, as licenças abertas é um passo para “quebrar” com o monopólio dos softwares proprietário. Afinal, se podemos colaborar e compartilhar idéias para softwares, programas, aplicativos, etc, podendo modificar seu conteúdo de forma a atender uma necessidade ou até mesmo melhorar a sua qualidade, por que temos que “obedecer” os programas prontos, sólidos, acabados???
 Compreender essas mudanças libertárias não ocorre de um momento para o outro. É difícil para as empresas que ganharam fortunas com vendas de softwares e difícil para as pessoas que “consumiam” essas obras. É difícil, não impossível. Principalmente porque quem mais almeja essas transformações são as pessoas, justamente por conta de não querer ser apenas um consumidor. Elas agora querem ter poder de escolha. Querem selecionar, compartilhar e colaborar nos softwares, programas e obras que estão sendo criadas e disseminadas no ciberespaço.
É fato que a resistência à mudanças é um problema cultural, e com o software livre não seria diferente, afinal os primeiros softwares, programas, aplicativos que foram nos foram apresentados pertenciam a tão conhecida Microsoft, com seu famoso Windows. Era o que a sociedade tinha acesso. Era o que as empresas vendiam para as pessoas e estas não possuíam opção de escolha, limitando, assim, sua liberdade e “obrigando” a utilização unicamente desse software.
Os tempos avançam e software livre ganha espaço, mas ainda é limitado e desconhecido de muitos. Apesar de já haver no mercado, computadores com o sistema operacional Linux, e as pessoas terem o poder de escolha, o grande consumo ainda é do Windows. Será que é carma? Insegurança? Medo do novo? Eu, particularmente, acho que é falta de conhecimento. Falta de conhecimento da dinâmica do software livre e de suas vantagens.
Enfim, como já dito anteriormente, os tempos são outros. Precisamos estar abertos a essas transformações. Inicialmente pode ser difícil, pois possuímos idéias enraizadas. Mas tentar entender a dinâmica do software livre e utilizá-la já é um passo para esse mundo de colaboração e compartilhamento. Que tal começar conhecendo outros sistemas operacionais e de navegação? Que tal navegar pelas ondas do Linux e do Mozilla Firefox? Está dado o convite!!!


domingo, 3 de abril de 2011

WEB 2.0 e os seus caminhos virtuais

Transformar, mudar, evoluir. Esse é o caminho de toda sociedade. E com o advento da internet essas transformações foram cobradas, desejadas, executadas. São os novos rumos da cibercultura em tempos de velocidade, instantaneidade, atemporalidade. É a Web 2.0 modificando as maneiras de navegar no mundo virtual; antes estática, agora dinâmica.

Na primeira geração da web, os objetivos comuns dos sites presentes na internet eram com a publicação dos conteúdos, normalmente elaborada por pessoas especialistas, e disponibilidades de dados, tornando essas páginas estáticas, sem interatividade e com conteúdos isolados. As relações nessa geração eram individuais e a interação era relacionada com processos de ação e reação, comuns, por exemplo, nos contatos através de email, onde um sujeito escreve e outro responde.

Com os avanços tecnológicos, a evolução na comunicação e para atender as necessidades da sociedade contemporânea, surge a Web 2.0 como uma urgência dos nativos digitais em interagir nesses ambientes que fazem parte do seu cotidiano. É o desejo de sair da passividade para criar, editar, participar, enfim, ser ativo no ciberespaço. Segundo Primo:

A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo.” (Primo, 2007, p.1)

A Web 2.0 é um convite à interação. Seu foco é na interação e participação dos sujeitos no ciberespaço. Os ambientes virtuais são mais propícios a criação e manutenção das redes sociais. As comunidades virtuais fazem parte do cotidiano dos sujeitos com interesses em comum. Os conteúdos são produzidos coletivamente. Os arquivos são socializados, podendo ser baixados ou postados. Tudo isso num movimento constante, fluido e dinâmico.

Em tempos de cooperação, as produções são colaborativas e as construções dos saberes ocorrem de forma coletiva. “É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. (Lévy, 1998, p.28). Dessa maneira, quanto mais pessoas estiverem conectadas, interagindo e participando, mais produções serão criadas e mais saberes construídos, valorizando assim as práticas colaborativas e as autorias. Os sujeitos são produtores e consumidores de conteúdos. Os conteúdos são interativos e interligados, convidando os sujeitos para uma exploração mais complexa e completa na sua navegação.

Muito dos avanços da Web 2.0 se deu por conta da convergência das tecnologias, dos espaços, das pessoas, das linguagens. Nessa geração, todos estão conectados e essa conexão acontece em rede. A convergência das mídias também acontece nas diversas funções que os dispositivos móveis de comunicação possuem.

“Quando unimos em um mesmo aparelho as funções de escrita; tocar, executar e gravar áudio e vídeo e ao mesmo tempo estar conectado na Internet sem fios temos unidades móveis capazes de suportar a convergência de mídias” (Pellanda, 2003, p.8).

A mobilidade representa mais uma evolução da Web 2.0. Com os dispositivos móveis e com a interligação de diversas redes de comunicação, a acessibilidade ao ciberespaço passa a ser constante e instantânea. Nessa perspectiva, segundo Pellanda (2003), a comunicação passa a ser ubíqua, ou seja, acontece em qualquer lugar e em qualquer horário. Como conseqüência dessa mobilidade e para atender os sujeitos que interagem através dos seus portáteis, diversos sites e serviços da web ganharam versão compatível com esses atuais dispositivos de comunicação. Dessa forma, as informações não se limitam às palmas das mãos e como autores e colaboradores, as informações são potencialmente difundidas, justamente pela facilidade de registrar e publicar os acontecimentos sociais.

É o poder da comunicação na Web 2.0. É a necessidade de estar em comunidade interagindo. São as linguagens liquidas produzindo informações em todos os momentos e em todos os lugares. São as mudanças comuns à vida em sociedade.




LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Record, 1998.

PELLANDA, Eduardo Campos. Convergência de mídias potencializada pela mobilidade e um novo processo de pensamento. In: XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação – INTERCOM - Belo Horizonte/MG, 2003. Disponível em: http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/4747/1/NP8PELLANDA.pdf   Acesso em 03/04/2011

PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E- Compós (Brasília), v. 9, p. 1-21, 2007.
__________. Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade. In: PRETTO, Nelson De Luca; SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. Salvador: EDUFBA, 2008.